Mundial de 1950, no Brasil, viu o apogeu de Zizinho, um craque completo

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RIO - Muito já se disse sobre a Copa do Mundo de 1950. Lendas, realidade, histórias, suposições, fatos, palpites, tudo isso já está em filmes, especiais de TV, livros, reportagens em jornal, geralmente contado em tons dramáticos, quando não trágicos. Como todos sabemos, foi a Copa em que o Brasil — com o melhor futebol do mundo, a maior torcida do mundo, no maior estádio do mundo, como o brasileiro gostava de repetir — deixou que os uruguaios levassem a taça de ouro para Montevidéu.No meio de tanto drama falado e documentado, é de se lamentar que aquela Copa do Mundo tenha sido tão pouco e tão mal tratada pelo cinema. 

Ao que parece, as companhias que ganharam os direitos de filmagem ainda estavam engatinhando em matéria de técnica e outros recursos. O que privou as gerações mais jovens de testemunharem como era grande o futebol de Thomás Soares da Silva, o Zizinho, eleito como craque daquela Copa do Mundo.Até o dia da final com o Uruguai, a imprensa estrangeira parecia ter notado mais o trio atacante brasileiro — Zizinho, Ademir e Jair — do que qualquer dos três individualmente. 

Jair, com seu pé esquerdo cheio de veneno, e Ademir, com seus rushes e seus gols, podiam até viver momentos mais notáveis aos olhos do torcedor. Mas Zizinho, este era o cérebro, o coração, a alma da seleção brasileira, qualidades que se mantiveram durante os 90 minutos da final, quando Danilo, Chico, Juvenal, Bigode, Barbosa e mesmo Ademir e Jair praticamente sumiram em campo.

Ser cérebro, coração e alma de um time era mesmo com Zizinho. Como a cinematografia documental brasileira não melhoraria muito nos dez anos seguintes, mesmo considerando os belos ensaios coreográficos do Canal 100, tudo que ficou de Zizinho foi o que a memória que o torcedor mais velho guardou. Só quando Pelé, anos mais tarde, confesasse que aquele era seu ídolo, seu modelo de craque, o jovem torcedor começou a acreditar na memória do mais velho.O técnico da seleção brasileira era Flávio Costa, homem que mandava mais que toda a diretoria da CBD, futura CBF. 

Experiente, disciplinador, carta-branca para tudo, é difícil explicar por que custou tanto a dar uma cara à seleção brasileira, a definir os 11 titulares numa competição que ainda não permitia substuições de jogadores durante a partida. Além disso, em plena Copa, Flávio dava-se ao risco de tentar agradar o torcedor paulista ao escalar a linha média do São Paulo na única partida do Brasil no Pacaembu, um me$ólico 2 a 2 com a Suíça. Claro, não agradou. 

E conheceu ali a que seria a maior vaia de sua carreira. Vitória sobre o México na estréia, empate com a Suíça na segunda rodada, o Brasil tinha de vencer a Iugoslávia para se classificar à fase final da Copa do Mundo. A entrada de Zizinho — a quem uma contusão na coxa impedira de atuar nas duas primeiras partidas — mudou tudo. Foi um outro Brasil que entrou no Maracanã naquela tarde. Zizinho driblou, deu passes, defendeu, atacou, marcou dois gols (um deles mal anulado) e os 2 a 0 nos levaram à fase final. 

Desempenhos tão inspirados, ou mesmo mais, ele teria nas goleadas sobre Suécia e Espanha. E teria também na final dita fatídica. Se nela se descobriu que nem a seleção uruguaia era tão fraca quanto se dizia, nem a seleção brasileira era tão forte, o Zizinho que se viu em campo foi a confirmação do que já se tinha dito do seu futebol. Um italiano já o comparara a Leonardo da Vinci, a criar suas obras-primas com os pés. 

Um espanhol chamou-o de gênio. Um inglês, depois de ver sua seleção ser batida por improvisado time americano, era obrigado a admitir que futebol, de verdade, era aquele, de Zizinho, jogador completo, soma de técnica apurada, criatividade, antevisão do jogo, senso tático, coragem, inteligência, gênio. 

Exemplo para o rei 

 Conta Pelé que, ao ver o pai Dondinho chorar, sabendo pelo rádio da derrota brasileira para o Uruguai, prometeu trazer-lhe a taça quando crescesse. Pode ser. Mas faz sentido que, quando Pelé disputou o seu primeiro Campeonato Paulista, em 1957, viu Zizinho ser campeão pelo Sao Paulo e fez dele um exemplo a seguir. Zizinho tinha 29 anos quando disputou a Copa do Mundo de 1950. Para muitos, numa época em que o jogador de futebol acabava mais cedo, aquele deveria ser o seu adeus. 

Não foi. Seguiu brilhando no Bangu, encantou a Europa numa excursão em que travou com o austríaco Orcwick um duelo de notáveis. Voltou à seleção brasileira, foi injustamente banido dela (no Campeonatro Sul-Americano de 1953, em Lima, o capitão Zizinho foi acusado de liderar movimento por melhores prêmios por vitória). 

Voltou mais uma vez, num espetacular segundo tempo contra o Paraguai. E, milagre dos milagres, com 36 anos, indicado por Bella Guttman, foi levar o São Paulo àquele título no qual ninguém mais acreditava. Consta que Vicente Feola, homem do São Paulo, chegou a pensar em Zizinho para a Copa de 1958, na Suécia. 

Mais uma vez, pode ser. Mas, qualquer que seja o caso, uma das maiores injustiças da História foi cometida ali. 

Por Feola, se de fato só pensou em vez de fazer, e da própria Copa do Mundo, por negar-se a um dos craques que mais a mereceram.

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